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09-10-2014 17:38

Watson, o líder de silicone que substitui gestores de topo


Tem lido as notícias mais recentes sobre a automação do trabalho? Em resumo, os robôs e os computadores vão fazer muito do trabalho que é feito hoje em dia pelas pessoas. Isto vai criar muitos desafios para os líderes. É que um projeto recente da IBM mostra que até os gestores de topo podem ser substituídos por computadores.

João-Vieira-Cunha-Universidade-EuropeiaA IBM mostrou recentemente que um computador chamado Watson pode substituir pelo menos alguns líderes nas reuniões onde se decide a estratégia da empresa. O Watson é um super-computador inteligente que começou por ganhar um concurso televisivo contra concorrentes humanos e que desde 2013 é utilizado para recomendar tratamentos para o cancro do pulmão.

Agora a IBM programou o Watson para resolver problemas de gestão. E não são só daqueles problemas que se resolvem fazendo contas ou analisando dados. São também problemas daqueles para que é preciso pensar. Pensar muito.

A MIT Technology Review de Agosto de 2014, conta que a IBM experimentou usar o Watson para criar uma lista de empresas para aquisição. Os investigadores da IBM começaram por pedir ao Watson para ler um resumo que escreveram sobre a estratégia de uma empresa fictícia. Depois pediram ao computador para lhes dar uma lista de empresas de valor até aos 60 milhões de dólares que a empresa podia comprar para conseguir implementar a sua estratégia e ganhar mais dinheiro. O IBM Watson apresentou a lista com todas as empresas que cumpriam essas condições. Depois os cientistas da IBM pediram ao IBM Watson para fazer uma sugestão. O computador sugeriu eliminar uma das empresas da lista. Para Tom Simonite, o editor de technologia de informação da MIT Teechnology Review, o IBM Watson é o primeiro passo para que os computadores possam participar como membros de pleno direito das reuniões em que a equipa que lidera uma empresa toma decisões estratégicas.

Claro que liderar não é só definir a estratégia da empresa. É mais do que isso. É muito mais do que isso. Também há o lado humano. Também é preciso explicar e entusiasmar as pessoas, para que implementem a estratégia que os lideres criaram. Mas parece que os computadores também conseguem fazer o lado humano da liderança, especialmente em empresas onde o contacto com os líderes se faz cada vez mais através de mensagens de email. Há uma área de investigação chamada computação afetiva, em que trabalham muitos cientistas que têm como único objetivo fazer com que os computadores e o robôs sejam capazes de compreender as emoções das pessoas e transmitir emoções às pessoas. Em 2010, um grupo de cientistas europeus criou o Nao, um robô que já consegue perceber e imitar emoções humanas. O Futurista-Chefe da Google, Ray Kurzweil, marcou para daqui a 15 anos a data em que os robôs terão tanta inteligência emocional como as pessoas. Diz Kurzweil que, nessa altura, os robôs serão capazes de “ser engraçados, perceber piadas, ser sexys, ser carinhosos e perceber as emoções humanas.”

Acho que isto são boas notícias. As sobras que os computadores vão deixar para os líderes humanos são a imaginação e a inspiração.

Os computadores até podem ser capazes de imaginar, como você, eu e o Steve Jobs somos capazes de imaginar um futuro para a indústria dos computadores pessoais. Só que nem eu nem se calhar você conseguíamos imaginar uma nova forma de distribuir música e uma nova forma de desenvolver software, como o Steve Jobs conseguiu imaginar quando criou o iTunes e a App Store.

Os computadores até podem levar as pessoas a criar relações com eles, como eu, você ou o Martin Luther King. Só que nem eu nem você temos (nem nenhum computador pode ter) uma história de luta contra a opressão que consegue inspirar as pessoas.

O computador-gestor pode ainda demorar algum tempo a chegar à sua empresa, mas isso não quer dizer que o computador-gestor seja irrelevante. Antes pelo contrário. Mesmo que o computador-gestor nunca chegue, ele não só é muito relevante, mas também é muito importante. É que o computador-gestor só é uma ameaça, porque cada um de nós passa talvez demasiado tempo a fazer a grande fatia das tarefas da liderança que podem ser feitas por uma inteligência artificial e tempo insuficiente a fazer as tarefas que precisam daquilo que verdadeiramente nos define enquanto seres humanos.

O computador-gestor é muito relevante e muito importante, porque, mesmo sem ter chegado às nossas empresas, pode já hoje dar-nos um forte empurrão para sermos líderes mais humanos.

Obrigado, meu caro Watson.

in Portal da Liderança


Temas: Universidade Europeia, Artigos, Gestão, Tecnologias