A globalização da economia e o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, contribuíram de forma significativa para a universalização do turismo enquanto actividade económica verdadeiramente global.
"No ano de 2012, as chegadas de turistas internacionais atingiram, pela primeira vez, a marca dos mil milhões pessoas que atravessaram as fronteiras para fazer turismo (UNWTO, 2013). A importância deste marco não é apenas simbólica, traduzindo de forma inequívoca a dinâmica de uma das actividades económicas que maior crescimento registou nos últimos cinquenta anos. Portugal não é, portanto, excepção e, no relatório de actividade turística do mês de Dezembro de 2013 do Instituto Nacional de Estatística (INE), esta actividade gerou 14,4 milhões de hóspedes que originaram (+4,2% do que em 2012) e 41,7 milhões de dormidas (+5,2%). Relativamente aos proveitos totais, estes atingiram 1.957,5 milhões de € no País, reflectindo um acréscimo de 5,4% e no que diz respeito às receitas do turismo, sendo a evolução negativa face aos valores registados no ano anterior (-2,6% que em 2012).
O mercado do Turismo procura cada vez mais uma valorização acrescida através da descoberta de novos horizontes. Por um lado, vivemos numa era globalizada, em que o cliente é mais exigente, mais informado, mais desinibido, aventureiro e procura “value for money”. Por outro lado, as tecnologias de informação vieram revolucionar o mundo e, por consequência, o mercado turístico, bem como a alteração do paradigma de gestão de destinos, prestadores de serviços e outros fornecedores, que alteraram também os hábitos de consumo e comportamento do consumidor/turista na selecção, preparação e realização das suas viagens. O turismo é, por isso, hoje em dia e cada vez mais, uma indústria de experiências genuínas e autênticas.
De acordo com a UNESCO o turismo criativo é considerado a nova geração do turismo. Enquanto que o turismo “sol e praia” tem como motivações principais o lazer, o relaxamento e o turismo cultural, encontra-se orientado para a visita de museus e itinerários culturais, considera-se que o turismo criativo é, cada vez mais, uma forma de turismo orientado para a interacção entre as várias actividades, das quais podemos destacar, por exemplo, as indústrias culturais tradicionais, as experiências ligadas ao universo imaterial das artes, das tradições, da cultura local, da preservação do património e as actividades decorrentes das novas tecnologias.
A relação entre o turismo cultural e o turismo criativo e principais formas de desenvolvimento, bem como a sua relação com os diferentes tipos de experiências turísticas, podem ser encontradas em vários destinos tais como, Viena de Áustria, Edimburgo, Sevilha, Berlim, Milão, Frankfurt, Santa Fé ou Sydney, sendo estes alguns dos exemplos de cidades da Rede de Cidades Criativas, um programa lançado pela UNESCO em 2004. A nível nacional, podemos encontrar referências no Alto Minho, Guimarães, Óbidos, Santa Maria da Feira, entre outros. No entanto, Portugal ainda não dispõe de uma cidade nomeada nesta rede.
A diferença entre o turismo cultural e criativo é que os turistas “criativos” participam numa actividade criativa ao visitar um destino, enquanto que os turistas culturais são consumidores de experiências culturais que os aproximam dos habitantes dos mesmos locais que visitam.
Este novo paradigma pressupõe um desafio na relação entre a oferta e a procura na co-criação de experiências significativas pelos vários actores da indústria do turismo. Este representa uma via de comunicação entre o passado e o futuro, entre os visitantes e os visitados.
Esta geração de turismo requer um envolvimento dos agentes locais e o reconhecimento de que a criatividade pode ser utilizada como um recurso para os destinos de turismo cultural e fornecer novas oportunidades de envolvimento com os visitantes.
Dos resultados obtidos pelos vários estudos realizados acerca do tema, torna-se claro que existe ainda um longo caminho a percorrer no estabelecimento de uma estratégia estruturada e planeada para o desenvolvimento do turismo criativo, embora os modelos propostos de implementação nos vários destinos nacionais, sejam, talvez, uma primeira aproximação ao crescimento futuro desta forma de turismo."