O Turismo é um setor em permanente transformação e, desde sempre, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) foram um eixo fundamental da sua evolução. Esta ligação entre o Turismo e as TIC deve-se ao facto de ser uma atividade de utilização intensiva de informação: seja na operação ou na relação com o cliente, a natureza específica do turismo implica a constante transação de informação entre todos os intervenientes no negócio.
"A revolução tecnológica dos últimos anos fez evoluir todos os processos de gestão e transação da informação e, consequentemente, alterou a relação entre os vários intervenientes na atividade turística. Alguns dos protagonistas do negócio hoje, são exatamente empresas com maior capacidade tecnológica para gerir esta informação no sentido de obter vantagem no negócio: chegar melhor ao mercado, fazer a melhor oferta, vender em cada momento ao melhor preço, influenciar a decisão de compra, ouvir e interpretar a voz do cliente.
"Se é verdade que, em alguns aspetos, o acesso às tecnologias é mais fácil, menos oneroso e menos complexo, também é verdade que o gestor turístico é hoje chamado a fazer opções que exigem uma maior ponderação: alojar a infraestrutura na organização ou na cloud? Licenciar o software ou subcontratar o serviço? Gerir as redes sociais ou entregar a uma agência? Ou numa dimensão mais fina, selecionar entre as várias ofertas do mercado para uma mesma solução e contratar nas melhores condições.
Uma grande organização pode associar recursos técnicos com capacidade para assessorar a decisão sobre o portfólio tecnológico das empresas, esse não será certamente o caso da maioria do nosso tecido empresarial, maioritariamente constituído por pequenas e muito pequenas unidades.
Vários atalhos podem ajudar a ultrapassar esta necessidade de escala. A colaboração e a partilha de recursos será necessariamente um deles. Mas ainda assim, no fim da linha, é ao gestor que cabe tomar a decisão e escolher o caminho (e os atalhos).
Um gestor não tem que saber construir uma página no Facebook. Mas tem que perceber porque é importante estar nas redes sociais. Mais do que isto, tem que ter uma estratégia de marketing digital, saber onde quer estar e porquê, definir objetivos específicos e conseguir medi-los.
Todos estes processos são novos e requerem aprendizagem permanente. Por isso a oferta formativa das universidades tem espaço cada vez maior dedicado à formação de executivos onde, para além de se aceder aos novos conhecimentos, os gestores têm um momento de interação com os seus pares que torna este tipo de formação particularmente rico.
Em particular no que se refere ao impacto das tecnologias na atividade turística, a evolução do conhecimento e das práticas empresariais impõe um ritmo muito intenso de atualização que não é compatível com processos de autoaprendizagem.
Um gestor moderno deve ser um leader de mudança na organização e para o fazer necessita de ter uma visão estratégica das tecnologias e da sua aplicação ao negócio: por aí vai passar, nos próximos anos, a capacidade competitiva das empresas e Destinos Turísticos.
Voltar à escola! Porque não?"
Luis Costa, Coordenador Pós-Graduação em E-Tourism, Universidade Europeia